sábado, 7 de abril de 2012

Orientações para os pesquisadores

Olá pessoal, estou vendo algumas fotos e os textos que vocês estão postando e sinto falta de algumas coisas, muito embora os textos estejam nos trazendo muitas riquezas.

Primeiro: a ênfase da semana santa me parece estar sendo dada somente às pessoas da Igreja católica; mas e as pessoas do Candomblé por exemplo? Como eles vivenciam esse período de quaresma, de semana santa? Que rituais podem ou deixam de fazer nesse período? São elas indiferentes?

Segundo: sinto falta de uma descrição mais detalhada dessa pessoa entrevistada, do lugar da entrevista (não tenham preguiça de escrever, porque nós, coordenadores, não temos preguiça de ler). Quanto mais informação, mais rico será o resultado do nosso trabalho.

Terceiro: as fotos, penso que elas podem nos dizer muito mais do que estão dizendo, penso que o pesquisador deve aparecer mais no texto escrito (suas impressões, sentimentos, estranhamentos) do que nas fotos. Fotografem, além das pessoas, os objetos, os espaços, as casas, fachadas, o que estiver ao redor.

LEMBREM-SE: a nossa pesquisa é qualitativa e não quantitativa: isso quer dizer que temos que nos envolver com essas pessoas. Não estamos lá só para preenchermos as fichas, não devemos ter pressa. Conversem, transitem, vejam coisas, peçam pra ver coisas, puxem assunto, partam do principio de que vocês não sabem nada ou quase nada. 

Perguntem!!! Os "quando, onde e porquês" auxiliam no desenvolvimento de uma conversa. 

Ao postarem as fotos, descrevam a situação da foto, o lugar, os cheiros, os sons. Gostaríamos de estar nesse lugar com vocês, mas, como não podemos, precisamos que vocês nos aproximem o máximo possível desse momento. 

Por exemplo: nas fotos de Parateca havia, junto com a pesquisadora uma senhora e um senhor. Em uma das fotos, ele não está mais: onde ele foi? Por que saiu? O que é aquela parede de alvenaria que está por trás da senhora sentada? É uma pia? Um fogão a lenha? O que é aquele balde grande azul lá no fundo do quintal? Aliás, é um quintal ou é a frente da casa? As árvores que têm, ao redor, quais são? Que frutos elas dão? Que memórias aquelas pessoas têm em torno dessas árvores? 

LEMBREM-SE AINDA: as pessoas também têm curiosidades sobre a gente. Elas não estão lá só para nos responder coisas que perguntamos. Respondam a perguntas delas, deixem que falem, perguntem, duvidem. Pesquisa é uma relação social, humana. A conversa despretensiosa e informal é riquíssima. As vezes sabemos mais das pessoas nessas conversas do que no preenchimento de fichas. 

Então a gente tem que aprender aliar essas ferramentas ao nosso trabalho pessoal como pesquisadores, como seres humanos.

Equipe de Coordenação

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